O cilostazol, inibidor da fosfodiesterase, apresenta efeitos beneficos na aterosclerose devido às suas propriedades vasodilatadora e anti-agregante. No entanto, pouco se sabe sobre o efeito na rigidez arterial e nos marcadores bioquímicos relacionados com a inflamação vascular e a disfunção endothelial em pacientes com Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) com Síndrome Metabólica.
O objetivo deste estudo randomizado duplo cego, com 45 pacientes diabéticos com síndrome metabólica que receberam ou cilostazol (50 mg por 2 semanas, 100 mg por 6 semanas) ou placebo por 8 semanas e onde os grupos de tratamento foram cruzados por mais 8 semanas, foi avaliar a eficácia do cilostazol em evitar a progressão da rigidez arterial através da análise da velocidade da onda de pulso braço-tornozelo e dos níveis séricos das citocinas inflamatórias e das moléculas de adesão vascular relacionadas com inflamação vascular e disfunção endotelial.
O principal achado foi que no grupo que usou cilostazol os níveis somente de VCAM-1 foram menores quando comparados com o placebo. A velocidade da onda de pulso braço-tornozelo, assim como o perfil lipidico, outras moléculas de adesão vascular e citocinas inflamatórias não foram diferentes no grupo intervenção.
As grandes limitações desse estudo são a metodologia utilizada- a velocidade da onda braço-tornozelo, ao invés da análise da velocidade da onda de pulso aórtica (carótida-femoral) -padrão ouro para esta avaliação- demonstrando que a forma da onda de pulso gera insuficiente informação para quantificar a magnitude na reflexão da onda por falta de acurácia do método, o tamanho amostral e o reduzido tempo de exposição à intervenção (Cilostazol).
No entanto, este estudo foi importante, pois até a presente data o efeito do Cilostazol sobre a progressão da rigidez arterial e inflamação vascular no DM2 ainda não havia sido relatado. Além disso, a técnica utilizada para avaliar a rigidez arterial apresenta algumas vantagens, como um método prático, bem aceito pelos pacientes e observador independente.
Como conclusão deste estudo, o tratamento com Cilostazol por 8 semanas reduziu apenas um marcador de inflamação vascular (VCAM-1) sem contudo melhorar a rigidez arterial ou outros marcadores de disfunção endothelial no curto período de tempo de intervenção. O Cilostazol parece atuar nas fases precoces da aterosclerose, necessitando de estudos futures com maior tempo de intervenção para comprovação deste fato.
Key messages:
-Cilostazol mostrou-se eficaz em reduzir os níveis de VCAM-1 em DM2.
-No entanto, no curto período de tratamento não houve melhora na rigidez arterial e em outros marcadores inflamatorios.
vasculares.
-Altos níveis de VCAM-1 estão associados com aumento na mortalidade cardiovascular.
-O Cilostazol pode ser benéfico para a inflamação vascular por um maior período de intervenção