
Na 13ª edição da Coluna Verdadeiro ou Falso, SBD esclarece dúvidas sobre complicações nos olhos causadas pelo diabetes
Atualmente, no Brasil, 14,5 milhões de pessoas têm diabetes – a doença, se não diagnosticada e tratada corretamente, pode acarretar em diversas complicações. Muitos associam a doença a problemas oculares leves e até mais graves, como a cegueira. Mas, afinal, é possível que pessoas com diabetes percam totalmente a visão?
Segundo a Dra. Solange Travassos, médica e membro da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), infelizmente, a doença ainda é a maior causa de cegueira entre 20 e 60 anos de idade. Entretanto, mais de 90% dos casos de perda de visão poderiam ter sido evitados com o diagnóstico e tratamento precoces da retinopatia. “A visão pode ser afetada de várias formas. Pode ocorrer desde um embaçamento reversível, causado por elevação transitória dos níveis de glicose, o qual melhora com o tratamento, até casos graves que ocasionam perda irreversível da visão. Os problemas que mais preocupam são a retinopatia diabética e o edema macular”, afirma.
Quando o diabetes não é controlado adequadamente e a glicose é mantida em níveis elevados por muito tempo, algumas lesões assintomáticas começam a ocorrer nos vasos da retina, tecido ocular responsável pela formação das imagens. Se diagnosticado durante as fases iniciais, esse processo pode até mesmo regredir com o controle da glicemia, mas caso contrário, vão aparecer microaneurismas, que são pequenas hemorragias que podem evoluir com vazamento e acúmulo de líquido e lipídios dentro da retina, podendo levar ao edema macular, considerado a principal causa de baixa visão central.
Ainda segundo Dra. Solange, a retinopatia pode progredir para a forma mais grave sem que o paciente perceba alterações na visão. A endocrinologista refere-se à Retinopatia Diabética Proliferativa, que é capaz de comprometer a visão de forma irreversível. “Geralmente as queixas visuais só ocorrem nas fases avançadas, quando o paciente apresenta sangramento ou descolamento da retina. Por isso, é essencial que os pacientes realizem exames periódicos, mesmo que estejam enxergando bem”, ressalta.
Pacientes com diabetes tipo 2 devem iniciar o acompanhamento oftalmológico a partir do diagnóstico do diabetes. Para pacientes com diabetes tipo 1, as avaliações devem começar após cinco anos de doença ou após a puberdade, caso o diagnóstico tenha sido feito na infância. Já as pessoas que apresentam lesões nos olhos relacionadas ao diabetes precisam realizar acompanhamento médico frequentemente.
Para as grávidas, fica o alerta: a Retinopatia pode piorar durante a gravidez e, por isso, as mulheres devem ser avaliadas por um oftalmologista antes e a cada trimestre durante a gestação.
Um outro grupo de pacientes que merece uma atenção maior e um acompanhamento oftalmológico mais frequente, são aqueles que apresentam melhora rápida da glicemia após permanecerem muito tempo, geralmente anos, com a glicose alta. Neste grupo pode ocorrer uma piora inicial da retinopatia com necessidade de tratamento.
Importante lembrar que além da glicose alta, a elevação da pressão arterial, o sedentarismo e o aumento dos níveis de colesterol e triglicerídeos também podem agravar a Retinopatia.
A SBD recomenda que todos os pacientes com diabetes mantenham acompanhamento oftalmológico. Além disso, orienta que as mulheres programem a gestação, com o objetivo de ter um controle do diabetes e de doenças associadas antes de engravidar.